quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Uruguay – Punta leste da ostentação, uruguaio espartano, músicas brasileiras, crianças zueras, candombles, amigas mochileiras, polícia bacana, Pepe Mujica e Tabaré Sendic, vinho e longas caminhadas em Montevideo

Depois de tantos problemas com a imigração, consegui chegar ao Uruguai. Viajei pela empresa Pullman e paguei ARG$ 410 (equivalente a R$ 80) e fiquei impressionado com o ônibus super top. Altos lanchinhos (quase todos com carne, mas beleza), suquinho e um banco super confortável, que fizeram as oito horas de viagem passarem rapidão.

Punta del Este da ostentação

Cheguei em Montevideo, tomei um outro ônibus para Punta del Este por URU$ 223 (equivalente a R$ 23) e assim que cheguei, fui recepcionado pela bela e amável Flô. No dia que cheguei o tempo estava um lixo, chovia muito e pensei que teria esse azar nos próximos dias, mas felizmente estava errado. Minha anfitriã foi sempre uma excelente, logo de cara deixou as chaves de casa em minhas mãos e disse que estava livre para sair e entrar a hora que quisesse.

"Guille, fui ao jogo e volto mais tarde. Pegue o que quiser para comer e qualquer coisa me ligue. Flor"
Saí para comprar um chip, comi uma empanada de queijo e cebola que me deixou triste por não ter comido mais depois, deliciosa demais. Punta del Este é uma cidade bem cara, vou logo avisando! Para eu, pobretão, que tava acostumado a pagar 5 pesos argentinos numa fatia de pizza, fiquei bem assustado com os preços! Não conseguia encontrar um lugar para comprar um chip então resolvi perguntar a dois policiais. Sou uma pessoa quase livre de preconceitos porque não curto muito polícias em geral, mas bem, essas fizeram eu quebrar minha cara. Além de indicarem o lugar certinho, foram super educados e na volta ainda perguntaram se havia dado tudo certo (que polícia é essa?! Parece a PM do Brasil, né? Não né?) Mais tarde fui saber que a polícia é somente uma das coisas boas do Uruguai.



Ao contrário do que muita gente pensa, a galera não fuma verdinho livremente no meio da rua. Em Punta as pessoas fumam de maneira mais reservada. Se estão em um bar, vão a quadra ao lado para fumar e depois voltam. É liberado sim, mas a galera prefere não dar tanto na cara. Isso em Punta del Este, porque em Montevideo é fumado mesmo em qualquer parte.

Curti uma noite num conhecido barzinho de Punta chamado El Pocho. Pequeno, mas com mesa de sinuca, rock bom e relativamente barato para Punta ostentação. Muito diferente do que jogo em Curitiba, as caçapas são bem maiores, no jogo clássico da bola 8 não são maiores e menores que oito, e sim como jogam em São Paulo, listradas e não listradas. Outra diferença é a penalidade, lá quando alguém erra a bola, acerta primeiro a bola do adversário ou derruba uma bola do adversário (situações de penalidade), eles não ganham uma bola, assim como fazemos em grande parte do Brasil. Lá o adversário tem uma jogada a mais. E algo curioso também é que a oito tem uma caçapa certa onde deve ser derrubada, que é exatamente a última caçapa em que você acertou a sua última bola antes de ir para a oito. Diferente, né? O fato é que eu e a Flô ganhamos quase todas hahahahaha e depois ainda dei boas risadas escutando o namorado dela cuzidão falando um monte de merda em português. Quem já ouviu os hermanos (de quaisquer países da américa do sul) falando português zuando sabe o quão engraçado é. Nesta noite Agustín havia me chamado pra ir a uma festa que recusei porque sairia com Flô. Depois fiquei sabendo que era a festa de aniversário de um figurão milionário da cidade, com muitas muitas mulheres (tenho que dizer que as uruguaias são maravilhosas!), de graça, com tudo liberado e com altos DJ's e não sei o que mais HAHAHAHA. Que beleza, hein? Bom, a minha noite no El Pocho foi ótima também.

Depois fui a Maldonado, que é muito próximo a Punta, onde fiquei na casa do Sérgio e depois na casa do Agustín e do Pedro, onde igualmente fui tratado bem em todos os lugares. Com Sérgio visitei museus, conheci a praia de Maldonado e aprendi um bocado sobre o país. Assim como no Brasil, o país estava em época de eleições, então pude acompanhar de perto como tudo aconteceu.



Como muitos sabem, quem está no poder é Pepe Mujica, internacionalmente conhecido por muitos motivos, mas o principal é que legalizou a cannabis no Uruguai. Mujica é um político que tem o respeito de todos os líderes mundiais. Podem não concordar com ele, mas respeitam muito sua opinião. Mujica é um dos únicos presidentes do mundo que doa 90% do que ganha a caridade e vive em uma pequena chácara, além de ter como automóvel um simpático fusquinha. É um velhinho com boas ideias que mudaram o Uruguai e que conquistou a maior parte da população. Faz parte da esquerda uruguaia, assim como Tabaré Sendic do mesmo partido, que estava antes dele e que foi ao segundo turno desta eleição, a balotage, como chamam aqui (porque Pepe não pode mais se candidatar porque já atingiu o tempo máximo no poder). A educação pública no Uruguai é ótima! As crianças ganham um notebook das escolas maximizando a viabilidade da informação. Homofobia, assim como racismo, é crime e o casamento igualitário existe já tem tempo em todos os lugares do Uruguai. As porcentagem de aprovação do governo de Mujica é assustadora, confira:

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LOS URUGUAYOS Y EL PRESIDENTE MUJICA


A casi dos meses de asumir el nuevo gobierno, los uruguayos están en plena luna de miel con el Presidente Mujica. Las dos terceras partes (el 66%) aprueban la gestión del presidente, y apenas un 6% la desaprueba. Curiosamente, estos valores son exactamente iguales a los de Tabaré Vázquez a la misma altura de su gobierno, hace cinco años.

Estos números confirman los resultados de otras encuestadoras difundidos recientemente; la única diferencia es que estos datos son un poco más favorables para Mujica.

El 83% de los votantes frentistas, y mayorías absolutas de los votantes blancos y colorados (en los dos casos 53%) aprueban la gestión del Presidente. Cinco años atrás el 86% de los frentistas aprobaban la gestión del Presidente, un porcentaje algo mayor pero similar al actual 83%. Entre blancos y colorados, en cambio, los porcentajes de aprobación de Mujica son más altos. En 2005 también aprobaban la gestión de Vázquez, pero eran mayorías relativas, no absolutas.

Además, el presidente sigue siendo muy popular. Las dos terceras partes de los uruguayos (66%, igual que la aprobación de la gestión) expresan simpatía hacia Mujica. Este 66% es también prácticamente igual a la popularidad de Vázquez a dos meses de asumir la presidencia (era 65%).

Conversei com um oficial da marinha uruguaia que é gay e ele disse que se sente muito mais tranquilo hoje, que pode trabalhar sem ouvir besteiras de colegas de trabalho. Afinal é crime e se falar besteira vai pro xadrez. O respeito a mulher também é algo que me impressionou. Diferente do que infelizmente acontece nas terras tupiniquins, no Uruguai os homens não ficam falando aquelas atrocidades para as mulheres que passam pela rua. Se você é daqueles que pensa “Ah, mas se uma mulher mexesse comigo eu também gostaria”, comece a refletir porque não é só porque você gostaria que ela também vai gostar. As pessoas são incrivelmente mais envolvidos com política do que no Brasil.



Quem estava na rua trabalhando por Tabaré, eram pessoas que não estavam sendo pagas para fazer isso. Estavam fazendo por gosto, porque estavam lutando para que seus ideais também fossem eleitos. Comparar um país super pequeno de três milhões em sua população com um Brasil enorme e com uma história completamente distinta é covardia, eu sei, mas vale a pena dizer o que tem de diferente para instigar algum pensamento e também para incentivar a conhecer este país.

Eles também tem problemas, é claro, a economia anda mal das pernas já tem algum tempo. Outra coisa bacana é que tiraram muitas famílias tradicionais que estavam no poder já tem um bom tempo e que funcionavam como uma máfia, como acontece em Curitiba como as famílias Gulin, Richa, Camargo e algumas outras (isso sim precisa muito mudar em Ctba).

Para os curiosos de plantão, a mary juana ainda não é vendida nas farmácias, mas as pessoas podem plantar em casa um total de seis plantas (e para quem não sabe, sete plantas em casa significa suficiente para toda a vida em boas quantidades).

Em Maldonado tive o prazer de tocar violão para uma roda de mulheres uruguaias lindas, todas amigas de Pedro e Agustín, enquanto tomávamos mate. Mate é algo comum no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pelo que conheço do Brasil, além de algumas outras regiões no Paraná. Na Argentina é normal que a grande maioria toma e dizem até que por mais pobre que a pessoa seja, ela tem mate em casa. Mas no Uruguai... lá eles passam dos limites! Existe até uma plaquinha dentro do ônibus que proibe o consumo de mate! E mesmo assim havia pessoas tomando! As pessoas tomam loucamente todo o tempo em todo fucking lugar! As pessoas andam na rua com o mate na mão, tomam mate no busão e até mesmo na praia com um calor de 40 graus!!!!!! Na praia de Maldonado vi uma senhora, de blusa, tomando um mate, com um calor de 40 graus <o> Eu curto mate, mas isso já é loucura! Muitas pessoas tem até uma cicatriz na mão por andar muito com o mate quente e derrubar sempre! Pode parecer um exagero o que estou dizendo aqui, mas exagero é a realidade do mate no Uruguai! :O Fiquei chocado, mas também tomei muito mate e agora estou com uma cicatriz na m... também não né? Mas que tomei muito disso não tenham dúvidas.



A última cidade por onde passei no Uruguai foi Montevideo, onde fiquei na casa de um cara sem igual, Yoel, o espartano. Mas antes de chegar à casa dele tive que andar um bocado e ainda sendo zuado por crianças uruguaias que apontaram uma direção ultra nada a ver com a que eu buscava logo depois de terem zuado o Brasil por 7x1 da Copa! Ri junto com elas, né? Só depois que descobri que a direção que eles me mandaram era exatamente a oposta do que teria que ir que já não achava elas tão engraçadas assim, A casa parecia ter saído de um filme de terror, com vários quartos cheios de trocentas bugigangas envolvendo bateria, guitarra sem cordas, bonecas de criança alteradas e rabiscadas e com artes em mosaico no banheiro. Algo curioso da casa é que havia caixa de som no banheiro também, bem coisa de casa de festa!

Rolou uma coincidência absurda ao chegar na casa de Yoel. Há alguns meses recebi uma solicitação de couch surfing de um colombiano louco que estava viajando por toda América do Sul, mas acabamos não nos encontrando. Eis que chego em Montevideo, na casa do host e quem eu encontro? Alejandro! Agora com 9 meses de viagem depois de ter passado pelo Brasil! Esse sim estava fazendo uma viagem forte! No dia seguinte ao da minha chegada chegaram três garotas: Colpari (da Bolívia), Magi (da Argentina) e Ire (da Espanha).



Fomos a uma festa no terraço de um prédio, próximo ao palácio do governo com muita música uruguaia e com projeções de telão em outro prédio da frente. Uma psicodelia completa! Algo curioso e diferente do Brasil é que os argentinos e os uruguaios começam suas baladas e festas MUITO mais tarde! As baladas começam a funcionar como 2 ou 3 da manhã! Ficam fazendo esquenta até as 2 da madruga na casa da galera :O Algo que me chamou atenção também que muitas mulheres de Punta del Este tomam Coca-Cola com cerveja! Blergh! E também tratando de festas, um dia em uma das festas que fui colocaram só músicas brasileiras! Fiquei impressionado como conhecem bem Legião Urbana, Raimundos, Zé Ramalho, Raul Seixas, Zeca Baleiro e mais uma porção de outras bandas brasileiras de primeira!

O bom de Montevideo é que é uma cidade pequena com muitas opções de museus, festas e muito Candomblé! Candomblé é como chamam as batucadas que fazem pela cidade. São três tipos diferentes de tambores com ritmos e funções diferentes. Pelo que entendi tem pelo menos quatro vezes por semana e é algo que já faz parte de Montevideo já tem bons anos. A galera vai tocando de um ponto a outro com várias pessoas dançando em frente com coreografias pré ensaiadas e que dão vida e energia ao Candomblé. No último dia minhas amigas já não conseguiam nem escutar mais os tambores hahahahahaha eu gostei bastante! Não sei se é porque estou acostumado com barulho, mas adorei. Algo inusitado! Encontrei uma amiga de Curitiba em um dos Candomblés!



Tive muita dificuldade de sair do Uruguai justamente porque é um lugar maravilhoso. Saí de lá com um gostinho de quero mais e para lá planejo voltar com certeza.

COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER ANTES DE VIAJAR AO URUGUAI

1 – É um país pequeno, mas bem diferente da Argentina e vale a pena colocar na sua rota.
2 – Uruguai está a anos luz na frente de muitos países da América Latina por sua riqueza cultural e sociopolítica.
3 – É caro sim. Se você quer ir a Punta del Este e quer gastar pouco, compre só em supers e faça comida em Hostel. Uma ótima dica de Hostel para Punta é The Trip Hostel. Caro, mas acho que é um dos mais baratos de punta (e um dos únicos).
4 – Os uruguaios têm um carinho enorme pelo Brasil.
5 – Conheça os Candomblés e você vai se apaixonar cada vez mais pela cultura do país.
6 – Em Montevideo se guie pela Bv. Artigas que é um ótimo referencial pois corta a cidade ao meio.
7 – Nos Candomblés com muitas pessoas não marque com câmeras e celulares fodas a vista porque há crianças que roubam e saem correndo.

8 – Uma boa dica para quem sai de Buenos Aires é comprar a passagem de barco até Colonia del Sacramento porque é a opção mais barata, mas tem que comprar como uma semana antes de sair! A empresa que vende os bilhetes econômicos é a Colonia Express e aí de lá é só pegar um ônibus até Montevideo que sai por mais ou menos R$ 25.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Intro - Mochilão

Para quem for acompanhar esta série de relatos, ressalto que é uma visão de um mochileiro de primeira viagem e que o intuito é compartilhar informações preciosas e que acredito que podem ser úteis a outras pessoas também. Aqui vou escrever parte das minhas aventuras e se você estiver mais interessado em infos de viagem, siga abaixo que vai encontrar um título chamariz.



Sei que este é o tipo de aventura que muita gente quer curtir então darei o meu melhor para passar todas as informações que consegui reunir para conseguir concretizá-la. Para quem está afim de ver fotos da viagem, em breve vou criar um instagram para publicá-las.

Senta que lá vem história


2014 começou pegando fogo pra mim. Muito estudo, muito foco, pouca diversão com apenas uma missão: passar num concurso público.

Depois de muito trabalho e jornadas intensas de estudo, passei no concurso da Caixa Econômica e fiquei em dúvida se continuava a estudar para um concurso melhor ou dava um break pra curtir um pouco depois de 1 ano estudando pra caralho, sem meias palavras. Saí do emprego que estava e passei a fazer freelas com o objetivo de fazer uma viagem para sair do país. Fazer o que? Sair do país! Nem eu sabia o que eu queria fazer direito, só sabia que queria curtir um pouco algum outro canto do mundo.

Na Copa peguei um freela de vendedor ambulante de cartõezinhos 3D da FIFA por dois pilas cada um, fora dos estádios. Tarefa difícil? Não para alguém que curte ser cara de pau, vulgo eu. Vendi para espanhóis, japoneses, uruguaios, equatorianos, americanos, canadenses, nigerianos, hondurenhos, argentinos e muitos outros. Falando inglês, espanhol, portunhol e tudo mais que eu conseguia usar para vender. Ajudava cambistas a vender em inglês e em espanhol e em troca disso eles compravam alguns cartõezinhos. Equatorianos vendiam ingressos para australianos e ambos compravam minha mercadoria porque eu havia lhes ajudado. Meus companheiros vendiam algo em torno de 50 em um dia, enquanto eu vendia 120, 130, quando não mais. Só aí tive noção do que estava perdendo. Se consigo me comunicar tranquilamente com outras pessoas de outros países, por que não visitá-los? Eu precisava mais daquela fonte inesgotável de interação internacional, eu precisava viver aquilo! Interagir com alguém que não é do seu país é algo incrível e infinitamente curioso!

Foi há seis meses que comecei a pesquisar sobre uma possível viagem para fora do país. Pensei em Nova Zelândia, países da Europa, Estados Unidos e pesquisei um bom bocado. Como pobre que sou, conclui:

- Cacete, que caro que é sair do país!

Tinha um programa de voluntariado na África que me cobrava R$ 5000 para passar uma semana trabalhando e sem ganhar comida, fora o custo das passagens. Fiquei um tanto chateado, mas segui com a pesquisa e comecei a olhar com outros olhos a possibilidade de ir a Argentina. Do dia para a noite passei a escutar o triplo de músicas em espanhol que escuto, passei a arriscar algumas versões em espanhol no violão, instalei aplicativos de aprendizado de línguas e comecei a mergulhar cada vez mais nesse mundo. Foi aí que conheci vários sites dos quais falei neste post. Então de uma simples viagem a Argentina, comecei a analisar a possibilidade de fazer um mochilão pela América do Sul.

Entrei no Interpals e comecei a falar com uma porrada de gente de tudo quanto é país, a fazer muitas novas amizades por todo o globo e pouco a pouco comecei a enviar solicitações e mais solicitações de couch surfing para todos os cantos por onde gostaria de passar. Minha vida era somente frazer freelas, planejar e interagir com pessoas de fora para que possivelmente pudessem me hospedar, tocar comigo, sair comigo ou qualquer outro tipo de interação.

Pouco a pouco fui retirando todos os valores de hostels do meu roteiro e a substituí-los por contatos de couch surfing, trabalhos com wooff/helpx em chácaras, hostels, etc. Assim transformei minha viagem de no máximo 20 dias ou 1 mês em um mochilão de pelo menos quatro meses.

Buenos Aires parte 1

Barzinhos, caipirinhas, amigos, polícia cretina, Johnny Cash no metrô, Conan do banheiro, taxista peruano doidão e demais aventuras


Separei meu post sobre Buenos Aires em dois porque fiquei uma semana lá, fui pro Uruguai e depois curti mais uma semana na cidade portenha com dois rolês bem distintos.

Finalmente dei início ao meu mochilão tendo como primeiro destino a belíssima Buenos Aires. Confesso que quando o piloto anunciou a chegada ao aeroporto de Ezeiza, lágrimas escorreram dos meus olhos. Numa fração de segundo lembrei da minha infância, das minhas lutas que começaram muito cedo e, enfim, pude sentir o poder da vitória. Só tive noção da precariedade da minha comunicação quando subi no ônibus rumo ao centro da cidade. Perguntei ao motorista se o ônibus iria para o centro e ele falou uma porrada de coisas que não entendi. Resolvi perguntar se ele poderia me avisar quando tivesse no centro da cidade e ele fez um joia, então pensei “beleza!”. Pouco mais de 40 minutos de viagem paramos em algum lugar que não tenho ideia de onde fica e ele disse que eu teria que pegar outro ônibus para ir até o centro. Se você é pobre lifestyle como eu, acostume-se a pedir muitas informações (ou pague um táxi falando castellano sem sotaque e pague um valor justo). Saí do ônibus perguntando para as pessoas como chegava ao centro e por fim consegui chegar.

Em geral as pessoas foram sempre muito amáveis e curiosamente pensavam que eu era de algum lugar da Europa, como França ou algo assim, qualquer lugar, menos Brasil. Concluí que deve ser porque sou branquelo e narigudo, além de, obviamente, ser descendente de europeus. Também porque acredito que “cara de brasileiro” não deve ter muito devido a miscigenação de raças que temos nas terras tupiniquins.

Cheguei à casa do italiano que me hospedou por quase uma semana e que passou a ser um dos meus melhores amigos, Marco, um cara incrível que viajou por mais de 40 países por 7 anos, que me ensinou a fazer um delicioso prato italiano e que deu bons rolês comigo, totalmente genial. Ao chegar em sua casa fui surpreendido por três americanos da Califórnia. Ryan, Rob e Christian, três engenheiros recém formados que estavam começando seu mochilão pela América do Sul também e, assim como eu, estavam aprendendo a falar castellano.

Eu, Marco (italiano), Ryan e Rob (californianos) em Bosques de Palermo

Passei uma semana maravilhosa e me surpreendi com muitas diferenças que temos com os hermanos mesmo vivendo tão perto. Como os argentinos comem doce, meu Deus! No começo me ferrei um pouco pra encontrar lugares que vendiam coisas que eu comia, porque a maioria dos salgados tem presunto e é menos comum encontrar algo só com queijo. Andei muito de bicicleta por Palermo, Recoleta e também conheci a província Vicente López. Há um bar chamado La dama de Bollini (Bollini 2281) em Palermo onde a entrada é 25 pesos onde além do clima ser ótimo, a música é rock n roll de primeira linha. Fiquei surpreso também ao descobrir que em bares não tem água com gás em garrafas de plástico, infelizmente somente de vidro. Mais tarde descobri também que, falando em água, todas as casas da Argentina e Uruguai tem uma torneira para água quente e outra para água fria, além da grande maioria ter banheira.

Um dia fui dar uma volta de bike na Av. Sta Fé, uma das principais avenidas da cidade (senão a mais importante) e encontrei um hippie vendendo artesanatos. Começamos a conversar, sentei com ele na rua e toquei algumas músicas, pois estava com meu violão. Seu nome é Luciano e o de sua esposa é Gabriela, vendem artesanatos juntos já tem um bom tempo. Depois de um tempo conversando com ele, chegou um outro ser que dizia estar vendendo cartões transporte. É indispensável ter um destes, visto que é usado para ônibus, trem e metrô em Buenos Aires e regiões próximas.

COMO NÃO AGIR FEITO UM IDIOTA – ÓBVIO, PORÉM NECESSÁRIO


O cara disse que o preço era 20 pesos e na frente dele abri minha carteira (idiota parte 1), mas como recém havia feito o câmbio, estava sem notas menores e disse a ele que havia somente 100 (idiota parte 2). Ele disse que não havia problema, que iria buscar o troco com um amigo e eu (super idiota parte 3) entreguei o dinheiro e ele me entregou o cartão. Assim que saiu, Luciano me deu um baita esporro dizendo que sou inocente demais por confiar em malandro e que o cara não me pagaria e que eu havia perdido 100 pesos (divida por 5 tudo o que eu disser no post e é o preço em reais atual). Também me perguntou o que é maturidade e eu respondi algumas coisas que achava que era, mas uma palavra que ele disse definiu muito melhor que tudo que havia dito.

Então agora compartilho com vocês o que acredito que seja a melhor definição de maturidade: sensibilidade.

Faz sentido, né? Foi aí que aprendi: nunca hable com nadie em la calle. Ou em bom português, não fale com ninguém na rua.

Com Luciano tive o desprazer de tomar um puta gole de uma pinga horrível depois de três anos sem beber uma gota de álcool sequer. Acontece que estávamos sentados na rua tocando e conversando e uma hora fiquei com sede e perguntei a ele se poderia tomar um gole de sua garrafinha, que na minha inocência, por ser transparente, era água. Então... não era. Estava com a boca super seca, então fui tomar aquele gole generoso, com a garganta bem aberta. Treco horrível! Passei mal e vomitei uma hora depois.

Ele me escutou a tocar e a cantar, gostou e me incentivou a tocar no metrô para levantar uma grana. Treinamos minha apresentação inicial, os horários que deveria ir e pronto, lá estava eu outro dia entrando no metrô falando enquanto tocava alguns acordes:

- Hola hola amigos argentinos! Yo me llamo Guillermo (aqui na Argentina me chamam assim, ou Guille, como seria Gui no Brasil – ll pronuncia-se como ch) y soy un viajero del Brasil! Viajo com mi musica y solamente viajo porque personas como vos me ayudan! Ahora voy empezar un tema de...

Imaginem só que comédia que foi! Uma experiência genial!

Pensei ser correto abrir um boletim de ocorrência a respeito do lance dos 100 pesos, pois sendo 20tão (reais) ou não, na Argentina vale muito e 20tão poderia me salvar em uma noite de emergência num hostel. Acontece que um dia depois que abri o B.O. encontrei o sujeito na rua, no mesmo lugar, mas tive a vantagem de não ser visto e assim liguei para a polícia:

- Olá! Meu nome é Guilherme, abri um B.O. ontem falando sobre um sujeito que me roubou 100 pesos assim, assim e assado.

Pronto, depois de 20 minutos a polícia chegou (com a central da polícia a uma quadra de onde estávamos), identificou o sujeito, me identificou e assim começaram a conversar com o meliante. Segundo os policiais aquilo não era um roubo! Pasme! Não, segundo eles na Argentina isso se trata de um “erro comercial”! O fato de o cara de rua não ter me devolvido 100 pesos somente seria solucionado com um advogado. O absurdo não parou por aí, escutei dois policiais conversando dizendo que tinham mais o que fazer, que sou um exagerado por chamar a polícia por causa disso e além do mais, o real tá valendo cinco vezes mais que o peso argentino. A questão pateticamente foi resolvida com um trato com o cavalheiro me prometendo que o troco estaria na mão na próxima semana, no mesmo dia, as 10hrs da manhã. A-HAM, óbvio que eu não fui. Tô lá pra marcar compromisso com bandido?! Sou muito novo pra acordar com a boca cheia de formiga por ser toupeira. Enfim, a lição do dia é que não se pode contar com a polícia argentina em qualquer situação. Para quem for a Buenos Aires por favor não se deixem levar pelas ladainhas deste fulano:

Não dá pra ver muuuito bem, mas é o careca que está sentado. Fica na Av. Santa Fé, próximo a plaza Itália


Conheci muitos brasileiros aqui também e juntos fizemos uma festa com os brothers da Califórnia. Abusei dos conhecimentos de barman e fiz caipirinhas diversas! Morango, limão, kiwi, além de combinações de frutas como kiwi e morango e limão e kiwi. Fiquem tranquilos amigos brasileiros, os californianos aprovaram as caipirinhas (ponto pro Brasil)!

Noite da caipirinha com brasileiros, americanos, argentinos e venezuelanos


O transporte de Buenos Aires é o melhor que conheci até agora. Há trens, ônibus, vans, metrôs e tudo é muito barato, chegando a ser tarifas irrisórias. Você paga proporcional até onde vai, mas o valor não passa de 4,50 pesos (com exceção as vans)! Já imaginou uma cidade onde o transporte funciona perfeitamente, os motoristas podem escutar rádio e a passagem não passa de 1 real? Então...

Segundo informações de amigos que vivem na cidade, há muitos ônibus e a passagem é barata porque cada linha é de um dono diferente. Como são muitas linhas, há muitos donos e creio que isso facilite a administração para que funcionem com abundância. Os ônibus sim são 24hrs e não é necessário esperar mais de 20 minutos na madrugada. Se tem algo que me chamou muita atenção, foi esse sistema de transporte.

Mas nem tudo é rosas, graças a falta de CDC (Código de Defesa do Consumidor) me ferrei algumas vezes na mão de algumas empresas.

Bem, depois de ter bebido depois de três anos sem beber nada (vomitado logo em seguida e ter concluído que não rola beber mais mesmo), andado de bicicleta, tocado no metrô, conversado com hippies, ser roubado, ter sido barman de festa para brazukas, ter chorado de emoção, ter sido zuado pela polícia, brincado de Conan e diversas outras aventuras, dei sequência a trip.

Os argentinos oprimem o botão
Estava pesquisando passagens para ir até o Uruguai porque acredita ser mais barato ir de ônibus, tendo uma viagem mais extensa e cansativa, porém mais econômica (depois descobri que ir de barco até a Colônia pela empresa BuqueBus é mais barato, mas tem que comprar o super econômico com pelo menos três dias de antecedência).

Se você está indo a Argentina, saiba que não se pode confiar em tudo que está escrito nos sites das empresas. Como disse, não há código de defesa do consumidor, o que dá margem para que as empresas façam como queiram se ausentando de qualquer culpa que possam ter. Tentei efetuar a compra no site da empresa um milhão de vezes e não consegui. Não havia número de telefone, não havia campo de contato, nada, somente o endereço. Estava a uns 8km do lugar e como estava de bike resolvi ir até lá para comprar pessoalmente. Cheguei a um estacionamento para deixar a bike, peguei o ticket com o carinha do caixa e fui ao banheiro. Um senhor entrou logo em seguida e a porta se fechou. Acontece que a porta não queria abrir mais e o amigo do caixa estava um pouco distante de onde estávamos.

Legal, preso num estacionamento com um senhor de 70 anos em outro país, oh! Jóia! O detalhe é que supostamente o horário de atendimento do lugar onde eu iria era até as 18hrs e era 17:20. O senhor batia na porta e gritava um monte, estava reclamando que tinha que ir a um lugar até as 18hrs também. Um tempo depois o rapaz chegou na porta e ele e o velho tentavam abrir a porta de tudo quanto é jeito, mas aquela porcaria não abria. Pedi ao senhor que deixasse eu tentar e vandalizei a porra toda. Quebrei o trinco e saí hahahahahahaha o senhor me agradeceu e o carinha do estaciona falou que só abriria assim mesmo, aí saí de lá me achando o Conan.

Cheguei as 17:55 e toquei a campainha, falei com a minha moça sobre a compra da passagem e... tá dáááá, aquela era uma empresa terceirizada que fazia dois anos que não vendia mais passagem pro Uruguai, mas que esqueceram de tirar do site. Porra, dois anos?! Enfim, andei 16km de bike, mas não foi a toa, afinal brinquei de Conan e ainda curti uns taxistas me chamando de “PELOTUDO” no trânsito da cidade portenha, nada a é atoa...

A série de acasos na minha vida tem gameshark, é infinita, porque a zuera não acabou aí. Descobri (com muito custo – e não pela internet) onde comprava a passagem pro Uruguai e nessa história sim pensei que ia ficar com hemorroida de tão puto que fiquei hahahahahahahahahahaha

Analisem a situação abaixo e procurem a lógica (e me avisem onde encontraram se é que vão achar):

Fui ao guichê comprar minha passagem e o homem disse que eu precisava passar no balcão de migrações pra “regularizar minha situação no país” porque na real eu tinha perdido a porcaria do papel que dão quando chegamos na Argentina. Fui nas migrações e eles disseram que eu precisava comprar a passagem primeiro. Que saco, né? Fui lá, falei o que haviam me dito e boa, venderam a passagem. Voltei no balcão de migrações, carimbaram e boa, Uruguai aí vou … not yet.

De noite voltei pro terminal pra pegar o busão rumo Uruguai e aí fui barrado. A mulher do balcão de migrações havia trocado a data da minha chegada de 12/10/2014 para 12/01/2014 o que significaria que eu estaria ilegal no país com mais de três meses no país. Com isso minha entrada no Uruguai seria barrada e eu ficaria com cara de merda na fronteira. O problema é que o balcão de migrações só funcionava até 20hrs e era 22hrs. Quebrei o pau infinitamente e depois de ter quebrado uma maçaneta podre de um banheiro tosco, tava me sentindo o Hulk pronto pra dar porrada nessa galera que sacaneia a viagem dos brothers. Enfim, de nada adiantou, mandaram me a merda e pediram pra voltar no dia seguinte para resolver o problema. Cagaram para o que eu disse sobre estar em outro país com compromissos marcados que poderiam comprometer dinheiro e blablablabla, fui bem dramático, mas não podiam fazer nada mesmo (ou eu atuei mal). Inventei até uma história que ia perder uma grana que iam me pagar pra tocar em um bar e que vivo disso e mesmo assim não deu boa! HAHAHAHAHA

Bem, no dia seguinte cheguei no guichê e disse que precisava comprar a passagem para o Uruguai e depois pegar o fucking carimbo no balcão de migrações. Eles disseram que eu precisava ir lá no tal balcão para pegar um documento e eu disse ao cara, de uma maneira pouco educada, que iria gravar a mulher falando que precisaria da passagem para depois ter o carimbo e expliquei toda a ladainha do dia anterior. Voltei ao balcão from hell e um rapaz educado me deu um documento e voltei para o guichê com cara de merda, porque o rapaz me disse que a senhora que estava no dia anterior havia cometido um erro.

Bem, com cara de merda ou não, eu estava indo feliz da vida pra Punta del Este/Uy.

Antes de ir é claro que minha vida polêmica preparou mais uma! Antes de sair da Argentina, comi pizza de 5 pesos com o Marco e peguei o táxi (sim, uma pizza inteira com suas 8 fatias por 40 pesos, 5 por fatia). Ao entrar no carro, o taxista sacou um cigarro e perguntou se eu fumava, disse a ele que não fumava esse, somente o cigarrinho verde, mas que não me incomodava se ele quisesse fumar. Quando disse isso, ele me perguntou se eu tinha o dito cigarrinho verde e eu disse que sim. Então ele bombasticamente propôs para fumarmos juntos! Perguntei a ele se teria problema fumar no táxi e ele disse que não dava nada. Perguntou se precisava armar o cigarrinho e respondi com um cachimbo na mão. Então como em uma cena daqueles filmes americanos de maconheiro tipo Cheech e Chong, eu e o taxista fomos em direção ao terminal fumando maconha no cachimbo. Hilário era ver ele falando com a fumaça presa: entonces es la primera vez que fumas com un taxista peruano? Cena que a gente conta pra todo mundo, né? Não é todo dia que acontece uma dessas. O figura me deu um desconto de 10 pesos pela brotheragem do fumo e assim segui para o Uruguai.

Continua no próximo capítulo...

O que você deve saber antes de entrar em Buenos Aires - parte 1


Dinheiro


Leve uma quantia em dólares para comprar pesos argentinos no câmbio paralelo porque as cotações são ótimas. Quem tem dólar na Argentina tem muita grana! Se você é pobre mão de vaca igual eu e não quer pagar táxi, saiba que os ônibus só aceitam moedas. Eu comprei 100 pesos argentinos no Brasil pra poder me virar um pouco em Buenos Aires pensando que compraria qualquer coisa e pegaria o troco em moedas para pagar o ônibus e quase me ferrei. Muitos estabelecimentos no aeroporto não trocam 100 pesos (quanta complicação né? Hahaha). Sorte que consegui trocar numa farmácia (onde estava escrito que não havia câmbio para 100 pesos).

Comprar pesos em casas de câmbio é coisa de gente do bem, gente bacana e gente que quer pegar menos dinheiro na troca, portanto se você se importa somente em ter mais grana (como eu), troque seus pesos em algum câmbio paralelo. Garçons são ótimos para fazer o câmbio paralelo porque no caso de alguma nota falsa, você sabe onde encontrá-lo.

Como tive uns problemas com minha conta antes de sair do Brasil, não pude levar mais dólares, mas aconselho a todos a levarem dólares! Existem pessoas que fazem câmbio paralelo que aceitam transferências bancárias para contas do Brasil, então não é necessário levar muito dinheiro em espécie também.

Transporte público


Nunca vi um transporte público tão robusto quanto o da cidade portenha. Os ônibus são 24hrs e existem muitos coletivos da mesma linha mesmo na madrugada. O preço chega a ser um absurdo de tão barato. As tarifas vão de ARG$ 1,20 a ARG$4,40 e assim que chegar é indispensável comprar um cartão de SUBE, que é o que você vai usar para todos os meios de transporte público. Interessante que este cartão pode ficar negativo até -10. Há também trens para cidades próximas como La Plata com preços muito acessíveis.

Argentina é barato? Vou gastar muito?


Depende muito do seu perfil, mas se você é super master econômico como eu, vai gastar pouco.  Se não pagar hostel e ficar em casa de pessoas de couch surfing, vai gastar ainda menos. Alguns valores interessantes:

Pizza mais barata que encontrei (fica em Recoleta): 5 pesos a fatia (pizza básica, mas gostosa)
Suco del Valle de maçã 1,5l: 12 pesos
Cinema do governo (que passa os mesmos filmes que no cinema): 6 a 8 pesos.
1 café + 3 medias lunas no McDonalds :17 pesos
Passagem de trem de Buenos Aires – La Plata: 6 pesos
Almoço indiano em um lugar top com entrada, prato principal, sobremesa e suco: 80 pesos


Importante ressaltar que na Argentina é costume deixar gorjeta, 10% de preferência! Diferente do Brasil onde a gorjeta vai para o bolso do patrão, essa gorjeta é dividida entre os funcionários, então acho bacana contribuir.

Mochila


Muito se fala do tamanho da mochila, o que levar para uma grande viagem e tudo mais. Sou exagerado e levei uma porrada de coisas das quais não me arrependo. Gosto de me vestir bem e pago o preço do cansaço para isso.

Conheci gente que viaja com o mesmo tanto que eu e reclama, com gente que viaja com mais e reclama, com gente que viaja com o mesmo tanto também e é tranquilo. Conheci gente até que viaja só com duas camisas, uma calça, barraca e saco e dormir e boa. Não ouso colocar aqui o que estou levando porque vão me zuar HAHAHAHAHAHA mas a melhor pessoa que vai te dizer o que é necessário é você mesmo.

No começo pensei que tinha sido vacilo ter levado o notebook, hoje dou graças por ter ele comigo.